
A crise é de representatividade
Por Thais Maschio e Diana Tabarelli
Quando assistimos aos noticiários ou conversamos com pessoas do nosso círculo social e profissional, é perceptível a aflição. Muitos sequer vislumbram uma saída viável para a crise que estamos vivendo. Essa dificuldade de enxergar soluções para os nossos flagelos se baseia em uma questão ainda pouco discutida. Para além de sanitária, econômica e social, a crise no Brasil é de representatividade.
Existe algo que poderia ser facilmente visto como solução em tempos normais, mas, hoje, é apontado como o grande problema: a política.
O DESAFIO DE REPRESENTAR
Muito embora a política e suas práticas não sejam resumidas somente em sua forma partidária, os partidos políticos possuem papel fundamental no fomento e apoio à criação de espaços que possibilitam a reflexão crítica sobre a representação dos interesses da população de forma organizada.
O Brasil, hoje, possui 33 partidos políticos ativos. Esse punhado significativo de números de siglas, deveria ser o suficiente para representar o nosso povo. Então, o que falta?
Cabe saber se os partidos estão realmente prontos para receberem mais filiados e, com eles, suas demandas, ideias e sugestões de soluções.
Queremos uma sociedade mais questionadora e politizada. Porém, mediar um espaço onde existem muitas pessoas questionadoras e politizadas, pode ser um desafio.
A pergunta é: existe outra maneira de estabelecer um espaço para o debate democrático que não a partir do respeito às diferentes formas de encarar o mundo?
As relações humanas, assim como o meio social, mudaram. E continuam em constante mudança, em uma velocidade cada vez maior. Não é de outro mundo perceber que um partido político precisa se adaptar a essas mudanças e modernizar a maneira como se relaciona com seus filiados.
SEM ACOLHIMENTO NÃO HÁ LEGITIMAÇÃO
Uma população desorganizada, preocupada com o dia de amanhã, e que não se sente representada pelas lideranças políticas, ou ainda que se sente traída por quem deveria representá-la, precisa, antes de tudo, de acolhimento.
Acolher quem chega, é respeitar as particularidades de pensamento de cada um, oferecer formação de base, e manter um espaço onde cada voz possa ser ouvida e compreendida.
Somente desta forma – trazendo de volta a sensação de pertencimento a uma causa, os partidos serão fortalecidos e retomarão seu espaço legítimo de representar as causas, as dores e anseios da população.
Em suma, como boas twitteiras que somos, e sem vergonha nenhuma de assumir essa pecha, a solução para a crise de representatividade que estamos vivendo, se resume em duas sentenças:
Pessoas – ocupem.
Partidos – acolham.