
Capitalista brasileiro: uma espécie em extinção
Por Douglas Rafael Duarte*
Existe uma espécie em extinção no Brasil: o capitalista brasileiro. Ele está sendo caçado e exterminado por um predador ainda mais feroz, o rentista tupiniquim, e pela própria estupidez.
A razão é simples: o capitalismo moderno afirma-se sobre o consumo de massas. E sem uma massa de trabalhadores valorizados, com direitos e salário dignos, não há pessoas em condições (ou seja, com dinheiro no bolso) de consumir.
Naufragam todos.
A AUTOFAGIA DO CAPITALISTA BRASILEIRO
O capitalista brasileiro apostou todas suas fichas neste receituário estúpido de precarização e desregulamentação das leis de trabalho. Ou seja, na diminuição dos investimentos em seus potenciais consumidores.
Agora o Brasil quebrou e eles vão quebrar também.
A saída da Ford do Brasil de Bolsonaro para a Argentina de Alberto Fernández é um bom exemplo disso. Contrariando a previsão dos “jênios” que orientam sua política social e econômica por Paulo Guedes (o Ministro que parou de ler nos anos 80), são os hermanos e o bom e velho Peronismo que atraem investimentos.
Enquanto isso, a política do desgoverno e do neoliberalismo tardio brasileiro já começam a gerar fuga de capitais e de empresas. A razão é óbvia: não há mais nada para sugar aqui e não será a promessa de uma reforma administrativa, que nem de longe “dá bilhão”, a mudar isso.
O “grosso” do saque já veio com as reformas Trabalhista e Previdenciária. Agora, de interessante pra eles, apenas uma nova onda de privatizações ao melhor estilo brasileiro: a preço de banana. Mas isso não é atração de investimentos real, é venda (entrega) de patrimônio já existente. Ou seja, não é dinheiro novo entrando, é capital nacional indo pra fora em forma de lucro.
O BRASIL NÃO APRENDE?
As lições da tragédia são bem simples (as mesmas de sempre) e nós já deveríamos ter aprendido:
- Não há economia forte e estável sem um Estado forte, coordenador, investidor, indutor e pesquisador (sim, pesquisador!) do desenvolvimento.
- Não há economia forte e estável sem uma força de trabalho bem remunerada e capaz de, através de seu esforço, gerar seus próprios excedentes para consumir no mercado interno.
- Não há economia forte e estável sem geração, mas principalmente, distribuição de renda.
- E não há economia forte e estável sem a diminuição gradual e constante das desigualdades sociais.
É simples.
E o rentista sabe disso.
A EXTINÇÃO ANUNCIADA DA ESPÉCIE
A diferença é que para esse nojento urubu, que vive de apostar no cassino financeiro da destruição das nações e da miséria dos povos, quanto maior o caos, melhor. Afinal, eles não produzem nada. E quando a coisa apertar de vez, já estarão morando em Miami e com o fruto de seu saque devidamente protegido na Suíça ou em algum outro paraíso fiscal.
Ao capitalista brasileiro, que acreditou (mais uma vez) na cantilena neoliberal, restará o de sempre: falência e convulsão social. E diferente do rentista ou daqueles que já estão procurando novos ares mais propensos ao bom e velho Estado de bem-estar social (atchiiim Ford), não haverá para onde fugir da fúria do povo.
Que pode até tardar, mas juntamente com a fome, virá.