
A maturidade progressista e o pesadelo da plutocracia brasileira
Texto de: Diego de Oliveira
As cortinas ainda não se abriram mas nas coxias a movimentação é intensa. Atores políticos repassam freneticamente seus textos, na ânsia de melhor aprimorá-los diante do grande público. Do outro lado muitos aguardam ansiosos. Jornalistas, intelectuais e acadêmicos em sua larga maioria. Algo já é incontestável: a corrida presidencial começou. Nada ainda está certo e muitos apostam que esta já seja a eleição mais imprevisível de toda a redemocratização. Porém, desprezando a serenidade da incerteza, o medo paira num grupo seleto de brasileiros. Do alto de suas coberturas luxuosas, a elite brasileira vem sendo assombrada diariamente por um pesadelo cada vez mais perturbador. E esse pesadelo tem rosto, nome e, cada dia mais, cresce aos olhos do país. Esse pesadelo se chama Ciro Gomes.
Com uma retórica poderosa e já conhecida por sua habilidade técnica mesclada com uma coloquialidade extremamente cativante, Ciro vem conquistando uma verdadeira legião de brasileiros por onde passa nos últimos anos. Já foram dezenas de palestras e entrevistas realizadas nas mais diversas cidades do Brasil e do mundo nos últimos três anos. Motivado pela grave crise instalada no Brasil e sentindo urgência em apresentar ao país soluções efetivas, Ciro esteve presente em praticamente todos os lugares para os quais foi convidado, sempre munido de números precisos sobre a nossa situação econômica, social e política – fruto de sua larga experiência na administração pública -, e de argumentos que chegam a ser quase impossíveis de contrapor, quando se trata de decência e moralidade no campo político. Diferente do discurso inflamado de Brizola – fundador de seu partido (PDT) e pelo qual sempre demonstra profunda admiração –, Ciro se distingue, nas horas que lhe são reservadas para apresentar suas ideias, pela constante defesa da unidade. Contrapondo uma histórica postura agressiva da esquerda, ele ampara todo o seu projeto no parâmetro do respeito às diferenças. Parece claro em sua fala, a real preocupação que sente para que o Brasil supere, antes de tudo, o espírito de ódio que se instalou e, pelo qual, tanto a esquerda quanto a direita têm profunda responsabilidade. Tal postura conciliatória, contudo, restringe-se à sociedade.
No campo político e econômico, Ciro é firme em suas críticas e seguro em suas proposições. Combate ao oligopólio dos banqueiros, fortes medidas contrárias à lógica do rentismo, busca por uma projeção internacional desvinculada da submissão aos Estados Unidos e puramente voltada para a valorização do Real, tudo isso correlacionado com uma política efetiva de distribuição de renda para redução da desigualdade. Falando dessa forma, pode parecer apenas mais um discurso de político às vésperas da eleição. “Bravatas da esquerda”, diriam os conservadores mais ineptos e, neste caso, não faria qualquer sentido temerem a candidatura do Ciro à presidência. Mas agora é diferente. As propostas do Ciro são, de fato, abomináveis para a plutocracia brasileira e ganham força à medida em que são desenhadas dentro de um consistente projeto, chamado por ele e por sua equipe de Projeto Nacional de Desenvolvimento. E é neste ponto que as coisas começam, de fato, a tomar forma e assustar as elites.
Ciro Gomes não está sozinho nessa briga. As principais diretrizes do projeto nacional de desenvolvimento que ele apresentará ao Brasil nos próximos meses tem ampla participação de pessoas dos mais diversos setores da sociedade. Basta ver o Manifesto Brasil-Nação proposto pelo ex-ministro Luís Carlos Bresser-Pereira e que compõe um projeto de país realizado com a participação de diversos nomes de setores da sociedade, dentre eles pessoas como Fernando Haddad e Ciro Gomes. O Brasil-Nação é nitidamente representado no projeto nacional de desenvolvimento do Ciro e engrossa o caldo do seu discurso, dando-lhe mais poder de influência. Além disso, também há o setor industrial . Ciro é experiente no setor por já ter estado à frente da CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, e sabe com detalhes da grave desindustrialização pelo qual o Brasil vem passando. Pensando nisso, o setor industrial tem um espaço de destaque em seu projeto, o que lhe dá a certeza de que irá atrair importantes nomes do setor para o seu lado.
O conservadorismo no Brasil é gigantesco, mas não é composto completamente por plutocratas. Estes, a dita “elite brasileira”, representa uma parcela extremamente pequena da população. Grandes empresários do setor da indústria e de demais setores não estão felizes com o caminho que o Brasil vem tomando. Historicamente, estes setores sempre se opuseram às candidaturas de esquerda por conta do evidente distanciamento entre as pautas. Ciro sabe como mudar esse jogo e trazer estes segmentos para o apoio à sua candidatura, mesmo com a ousadia de seu projeto. Conseguindo tal feito, e isso está bem perto de acontecer, ele chega a campanha com uma força estrondosa. Seu projeto é ousado e confronta a elite mas será apresentado sem arrodeio. Ele será violentamente criticado, principalmente pela grande mídia, a serviço da plutocracia. Mas, como ele mesmo vem dizendo repetidamente em suas últimas apresentações, se sobreviver, sobrevivem ele e a sua ideia.
É neste sentido que Ciro Gomes se apresenta nas eleições presidenciais. Confrontando o ódio e esboçando um projeto que valoriza a classe trabalhista, propõe o fim da desigualdade social em detrimento dos privilégios seculares das elites. Fraternalmente e respeitando os seus adversários, Ciro demonstra uma maturidade no campo progressista extremamente importante para os tempos em que vivemos. Dá exemplos de sabedoria, experiência e moralidade para uma esquerda tão violentada pela descrença da população. Ganha cada vez mais voz, através de milhares de brasileiros que se debruçam a conhecer suas ideias, e apoio dos mais diversos segmentos da sociedade.
Pela primeira vez em nossa embrionária democracia, um projeto embasado e sólido que se coloca inteiramente ao lado do povo, confrontando sem pudores a elite sanguinária brasileira, tem chances reais de chegar ao executivo através deste extraordinário brasileiro chamado Ciro Gomes. A elite sabe disso e vai tentar de tudo para impedi-lo de chegar à presidência. Mas, quando as cortinas se abrirem e os atores políticos saírem das coxias, nós estaremos lá para apoiar o Ciro. Nós estaremos lá para ajudar a mudar o Brasil. Não deixaremos que eles nos derrubem mais uma vez. O que por ora são só pesadelos, quando as cortinas se abrirem se tornará realidade. Nós iremos vencer
Simplesmente espetacular.